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SHEMA ISRAEL, ADONAI ELOHENU, ADONAI ECHAD! DEUT 6:4

 

Almas Gêmeas

Alguém já teve a oportunidade de ouvir uma conversa entre jovens a respeito de casamento e da formação de um lar? Não? Claro que não, pois atualmente poucos se atrevem a falar sobre tais assuntos.

Fala-se muito em namorar (ou ficar) e em se apaixonar. Pode-se até discutir e abordar o assunto de amor e sexo, mas passa pela cabeça de poucos se casar e formar uma família. Será que o conceito de vida a dois está desatualizado?

Infelizmente, muitos jovens não querem ou não sabem conviver, eles apenas tentam passar “um tempo” juntos. Há falta de informação sobre o assunto e as conseqüências não são encorajadoras.

De fato, hoje em dia poucas pessoas compreendem plenamente o motivo pelo qual alguém se casa (via de regra é para reparar um “erro”)... Muitos dizem que a verdadeira razão é o amor. Porém, isto não explica o motivo pelo qual se deve formalizar este amor através de uma instituição, que chamamos de aliança, casamento, matrimônio ou núpcias. O raciocínio é simples: se duas pessoas se amam de verdade este sentimento deveria ser suficiente para uni-las pelo resto da vida sem serem necessários um pedaço de papel, palavras ou testemunhas para consolidar a sua paixão (se fosse bom não precisaria de testemunhas – dizem outros). Se é preciso tudo isto é por que o amor não é bastante sólido, quem sabe talvez nem seja verdadeiro.

No entanto, ao analisarmos profundamente o homem e a maneira pela qual Deus o criou, descobriremos um mundo totalmente diferente. Quando a Bíblia fala sobre a criação do ser humano, muitos costumam interpretar os textos como se Adão tivesse sido criado homem e buscasse uma mulher. Deus, atendendo ao pedido de Adão, fez com que dormisse e retirou-lhe uma costela para criar a mulher a quem chamou de Eva. De acordo com esta interpretação Eva parece ser fruto da reclamação de Adão. Isto, sem dúvida, coloca a existência da mulher em segundo plano e lança uma luz negativa sobre as qualidades femininas.

Porém, de acordo com a tradição Cristã, a interpretação é totalmente diferente. Adão não foi o primeiro homem, mas sim o primeiro ser humano, criado como um ser andrógino que possuía dentro de si mesmo tanto aspectos masculinos como femininos. Na realidade, ao criar a mulher, Deus separou o lado feminino de Adão, que se tornou Eva, do lado masculino que continuou sendo Adão. A partir desse momento, cada um dos dois lados passou a precisar da existência da outra metade para voltar a se sentir um todo completo.

No casamento, diz-se que são duas metades que estão se juntando, pois, na sua origem, faziam parte de um só ser. Visto por este prisma o casamento traz a reunificação de um ser completo que foi dividido. E somente Deus, que nos separou no início da Criação, tem o poder de nos reunir sob a chupá (a cabana onde se realizam os casamentos judaicos). Pois afinal de contas, trata não apenas de uma união de corpos, mas da união de duas metades que fazem parte da mesma alma.

Atualmente, as pessoas não procuram tanto o casamento porque não sentem a necessidade de um complemento. O mundo moderno tenta convencer-nos de que podemos ser completos, auto-suficientes; que basta ter uma boa educação, um emprego e um bom salário. Assim não sentimos a necessidade de buscar um parceiro que irá compartilhar nossa vida e preencher aquele vazio de cuja existência sempre estamos cientes.

Na realidade, o problema é ainda mais amplo. Todo homem teme a solidão. No início do livro Gênesis, a Bíblia fala sobre a solidão de Adão. Todos os seres vivos tinham uma companheira, mas Adão não. Então Deus, em Sua Imensa Bondade, criou para Adão uma parceira a quem chamou de Eva. Mas surge a pergunta: por que Adão se sentia sozinho? Afinal, o Torá conta que no jardim do Eden Adão tinha todos os anjos a sua disposição para conversar e conviver.

Segundo nossos sábios, a solidão de Adão era consequência do fato de os anjos serem perfeitos e não precisarem dele. Sendo seres completos, os anjos não precisavam receber nenhuma contribuição substancial. Não pediam conselhos a Adão porque não tinham problemas para ser resolvidos. Também não precisavam de conselhos nem de consolo, pois a sua vida não era confusa ou agitada. Em suma, Adão precisava dos anjos, mas eles não precisavam dele. É por isso que Adão se sentia sozinho, por não ter nada para dar a eles.

Com a criação de Eva, Adão passou a ter alguém que fazia parte de sua vida e alguém co necessidades como ele. Podia dar e receber amor e afeição. Adão tinha alguém que fazia com que ele sentisse que sua existência fazia diferença. Existia outro ser que precisava ser protegido, abraçado, amado, elogiado e admirado por ele. Um ser cujo coração era feito de carne e não de perfeição. Ao se sentir importante, necessário e útil Adão esqueceu as dores da solidão.

De fato, o casamento é a solução oferecida pelo Criador para pôr fim à solidão; para termos alguém a nosso lado com quem comemorar as vitórias, dividir os problemas da vida; alguém a quem possamos dar carinho e atenção e de quem receber amor. Finalmente, é a melhor maneira de nos sentirmos completos e a forma mais nobre de expressar nossos sentimentos e compartilhar nossa vida.

Rabino Avraham Cohen/Hudson – 14/05/04

 

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